terça-feira, 5 de abril de 2011

Outono No Rio de Janeiro


   Eu estava prestando atenção nas coisas ao meu redor, talvez eu nunca houvesse percebido a beleza do lugar onde eu moro, o Rio de Janeiro; principalmente no outono/inverno. Se você reparar nos menores detalhes, como centenas de folhas amareladas pelo chão do Méier, ou aquele ventinho que força todas as árvores da Lagoa Rodrigo de Freitas (e os guarda-chuvas também) para a esquerda [foto], o céu enevoado, mas mesmo assim permitindo o quentinho do sol.. encantadores detalhes! Porém venho ressaltar a chuva, aquela leve chuvinha incessante com a qual nos deparamos praticamente todos os dias de outono. Ela é bem fraca, às vezes nem precisa usar guarda-chuva, mas está sempre ali, de manhã até a noite, inexorável. Aqui, os pássaros sempre cantam quando chove e o céu fica cinzento na medida certa: sisuto, porém não funéreo nem pavoroso. Tudo isso me soa como Distimia, aquela doença poética que se aproxima da depressão.. Metaforicamente, depressão é uma tempestade negra e avassaladora, às vezes uma tsunami, já a Distimia é uma chuva outonal carioca: aquela tristeza leve e eterna, que às vezes também pode estourar uma tempestade, mas depois retorna ao estado normal, a chuvinha leve que nunca pára; Este último estado "leve e eterna chuva outonal" é o que eu chamo de estar normal. Estar passando por um período normal é bom, só perde para aqueles dias de sínica alegria.. Aconteceram muitas coisas ruins recentemente, eu estive deprimida e distante por muitos dias e hoje acordei me sentindo normal, como se aquela tempestade houvesse passado. Essa sensação de abrir os olhos pela manhã e não desejar não ter acordado é revigorante, tal como respirar o ar fresco de Petrópolis. Eu não estou bem, talvez nem chegue perto disso, mas já me conformei com as coisas que aconteceram, é como se recuperar e prosseguir andando torto após um tombo feio ou se conformar com a morte de um ente querido após meses de exaustivas lágrimas. Eu estou aqui, conformada e repleta de cicatrizes, porém eu estou aqui; como uma chuva de outono no Rio de Janeiro.

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