quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Eu apenas quero ser a chuva

   Enquanto alguns adormecem em cálidos leitos de sonho embalados por um manto de paz inquebrável, suavemente guardados em suas fantasias infinitas, eu permaneço desperta, como não haveria de não estar, apenas contemplando a beleza noturna e sofrendo em perene silêncio. Eu observo a chuva a cair serena e fria como cristais de neve, lágrima dos céus. Eu sei que a chuva não é simples fenômeno, eu vejo da sua lamúria, quantas tardes e madrugares gélidos a derramar seus pranteios pelo mundo; quanta solidão não há de haver naquelas poças! ...Sei que pela manhã as gotas, meras gotas, descansaram sob pétalas, telhados e bancos, como vestígios - lembranças - de sua dor por todos os lugares onde esteve. 
   Assim a chuva segue seu curso, após o prantear ela simplesmente desparece, evapora sob o sol. Pela manhã, à visão do astro quente, sua dor será extinguida e ela jamais terá existido.. será liberta. Que daria eu para assim ser; explodir minha lamúria em milhões de cacos e logo após... simplesmente morrer.
Eu apenas quero ser a chuva.

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